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Flim 2023: Escritores e educadora defendem plano de leitura nos municípios

A penúltima roda de conversa da 8ª edição da Festa Literária Internacional de Maricá (Flim), realizada neste sábado (30/09), teve como tema “Caminhos da Literatura e Cultura”. As falas do filósofo e escritor José Castilho Marques Neto, do bibliotecário e também escritor Ricardo Queiroz e da educadora popular Maria do Carmo da Silva Miranda, a “Maria Chocolate” foram todas em defesa da criação e manutenção de planos de leitura nos municípios. Com mediação da curadora da FLIM, Renata Costa, a roda recebeu um bom público na Arena Gilberto Gil para ouvir as colocações de cada um dos convidados. A noite terminou animada com o show da cantora maranhense Flávia Bittencourt, com um repertório que foi de Dominguinhos a Mercedez Sosa.

Quem abriu os trabalhos na arena foi José Castilho, que é doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Para ele, é importante que a população das cidades se engaje na construção desses planos de leitura para garantir o acesso, principalmente, das camadas mais carentes.

“Devemos pressionar os governantes para que eles façam sua parte. É muito comum ouvir que o brasileiro não gosta de ler, o que não é verdade. O fato é que se tem pouco ou nenhum acesso aos livros como se deve”, afirmou o filósofo, que parabenizou a prefeitura por oferecer a oportunidade de acesso. “A Prefeitura está de parabéns por este espetáculo maravilhoso que vemos aqui, toda essa gente comprando livros, sobretudo crianças. Essa é a grande diferença de ler no celular para o mundo da leitura física, que é coletivo, comunitário”, pontuou.

Na sequência, Ricardo Queiroz reforçou a fala de Castilho sobre Maricá ao observar que a cidade “respira políticas públicas”. “Cheguei à praia aqui em frente e me deparei com as bicicletas disponíveis gratuitamente, geridas por uma empresa pública e não por um banco, como se vê no Rio e em São Paulo. Essa cidade está bem à frente de muitas outras neste país”, declarou o bibliotecário, que também reiterou a necessidade de espaços de leitura. “Os lugares de leitura existem e cada cidade precisa do seu, mas há também muitas barreiras para se chegar a eles”, ponderou.

A fala da educadora Maria Chocolate emocionou a plateia que estava na arena. A mineira da região de Caratinga, que veio pequena para o Rio, falou da infância pobre (“Ganhei meu apelido sem nunca ter provado chocolate na vida”, revelou) e da vontade que sempre nutriu desde a época de ter livros, aos quais não tinha acesso. Hoje com uma biblioteca comunitária em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ela contou que também luta por um plano de leitura naquela cidade, mas disse que a gestão local retirou o orçamento antes destinado a ele.

“O livro é o objeto mais importante de se ter numa escola. Não é possível que o país não enxergue que o profissional de educação precisa ser respeitado e que os livros têm de chegar às pessoas. Este evento é lindo porque possibilita justamente isso, fico muito feliz de ver isso em Maricá, que é um lugar onde já vim para descansar e organizar as ideias. Aqui me sinto respeitada”, ressaltou ela.

A Flim 2023 chega a seu último dia hoje (01) com a roda de conversa “Literatura sem fronteiras: elo entre todos os povos”, a partir das 18h. Os convidados são o escritor angolano Ondjaki e as escritoras Sonia Rosa e Roseana Murry, que também é poetisa. Antes haverá o cortejo de encerramento com o grupo de ‘pernas-de-pau’ que abriu o evento no dia 19/09. Fechando a 8ª edição da festa literária, o show da banda paulistana de reggae Maneva começa às 20h.

Sobre a Flim 2023


Em uma área de seis mil metros quadrados na Praça dos Gaviões, em Itaipuaçu, a 8ª edição da Flim tem uma estrutura com mais de 60 editoras e espaços especiais dedicados a diferentes públicos, do infanto-juvenil ao adulto. O Espaço Criança abriga a Vila Pé de Maricá, em alusão à árvore que dá nome ao município, conta com 76 estandes dedicados ao público infanto-juvenil. Já o espaço Porão Cultural é reservado para apresentações de artistas locais de diferentes vertentes. A Tenda Literária abriga 154 estandes de vendas de livros e na Tenda Festart há um amplo espaço com puffs para descanso. A Tenda Codemar + Recarregue-se é um local com redes, cadeiras de praia e tomadas para recarregar a energia e os aparelhos celulares.


Foto: Gabriel Ferreira


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