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ONG internacional sobre consumo de maconha vai ter sede em Niterói

Uma das maiores ONGs americanas, que luta há 30 anos pela descriminalização e legalização da maconha, está de malas prontas para o Brasil. A Norml vai abrir sua primeira base fora dos Estados Unidos e a cidade escolhida foi Niterói, que será sede da instituição. O niteroiense Ranieri Guimarães, 48 anos, é diretor e fundador da Brasil Norml, e responsável pela vinda da organização para Niterói.
“Escolhi a cidade porque sou daí, onde vivi por muitos anos. Tenho muitos amigos que entendem que a proibição da maconha não é a solução para o problema das drogas. A Norml é uma organização filantrópica e dependemos da burocracia para trazê-la para o Brasil. É bastante complicado, mas esperamos que até, no máximo, fevereiro, a organização esteja estabelecida”, conta Ranieri, que ainda não sabe em que bairro será a sede.
Ranieri mora atualmente em Pacif Grove, na Califórnia, onde tenta abrir a primeira farmácia de cannabis medicinal. Ele está enfrentando problemas com a Prefeitura de lá, que coloca restrições para a abertura do estabelecimento, mesmo sendo a posse, uso e cultivo de maconha, para pacientes com recomendação médica, descriminalizadas desde 1996.
“Nos Estados Unidos e no Brasil, o problema é o mesmo: falta de informação. Nós, brasileiros, vivemos essa proibição desde o governo de Getúlio Vargas. E essa política não levou a nada, só aumentou o consumo da droga e a criminalidade. O objetivo é colocar a maconha sob a responsabilidade de pessoas capacitadas e criar uma indústria para tratar da droga”, explica.
A ONG defende que primeiro seja estabelecida a descriminalização da maconha – que o usuário não seja punido se for pego consumindo a droga e a posterior legalização –, autorização da produção, comércio e consumo. Além disso, pretende conquistar a liberação do consumo para fins medicinais e industriais. Ranieri afirma que a maconha pode ser usada como celulose e para a fabricação de tecidos.
“Queremos mover a população a favor da descriminalização através de livros, divulgar e debater o que está acontecendo em países onde a descriminalização está em andamento, e mostrar o custo dessa proibição”, argumenta ele, que acredita que a indústria da maconha pode contribuir para a geração de emprego e de renda.
“O tráfico não vai acabar mesmo que a droga seja liberada. Mas vai diminuir bastante e deixar de ser violento, além de gerar renda através de impostos e emprego para a população, e não para criminosos. O problema não está nas drogas e, sim, nas leis que são aplicadas”, diz.
Questionado se a liberação da maconha não estimularia o consumo de drogas, Ranieri é taxativo: “Não acredito. O álcool também pode levar a outras drogas e é liberado. O álcool mata e é liberado. E por outro lado nunca houve um caso de overdose de maconha no mundo. Por que não usar as mesmas leis?”



Foto: Divulgação

O Fluminense

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