ONU pede investigação sobre mortes em operações policiais no Rio de Janeiro

Após a megaoperação policial realizada em 28 de outubro nos complexos do Alemão e da Penha, na zona Norte do Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortos, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou profunda preocupação com o alto número de óbitos. A ação, considerada a mais letal da história do país, envolveu aproximadamente 2.500 agentes das Polícias Civil e Militar, com objetivo de combater o avanço do Comando Vermelho e cumprir cerca de 100 mandados judiciais contra membros da facção, muitos vindos de outros estados.

Segundo dados oficiais, entre os 121 mortos, quatro eram policiais e 117 civis, dos quais muitos possuíam histórico criminal e mandados de prisão pendentes. Além das mortes, 113 pessoas foram detidas, e foram apreendidas 118 armas, incluindo fuzis, pistolas e explosivos, além de drogas. A operação gerou protestos nas favelas e críticas de entidades de direitos humanos, incluindo a ONU, que pediu uma investigação imediata e rigorosa sobre os fatos, além de reformas nos métodos de policiamento no Brasil. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos destacou a necessidade de romper com o ciclo de violência extrema e ressaltou que a alta letalidade policial, que afeta desproporcionalmente pessoas negras, tem sido normalizada, tornando urgente o combate ao racismo sistêmico no país.

A ONU reforçou que o uso da força deve obedecer aos princípios de legalidade, necessidade, proporcionalidade e não discriminação, e enfatizou a importância de investigar rapidamente os acontecimentos da megaoperação para garantir justiça e respeito aos direitos humanos. Estima-se que milhares de pessoas negras sejam mortas anualmente pela polícia no Brasil, e a comunidade internacional acompanha com preocupação a situação. A operação no Rio de Janeiro segue como um marco preocupante no debate sobre segurança pública, violência policial e direitos humanos no país.

Para saber mais, visite a página do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos: https://acnudh.org/pt-br/

 
                          Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro

Foto:Tomaz Silva/Agência
Brasil

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