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Balas perdidas amedrontam a população do Grande Rio em agosto

As balas perdidas voltaram a assustar a população do Rio de Janeiro durante o mês de agosto. Ao todo, 11 pessoas foram vítimas de balas perdidas na Região Metropolitana do Rio, segundo dados divulgados hoje (5) no relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado. Entre as vítimas, duas morreram e nove ficaram feridas. As ações e operações policiais resultaram em sete das 11 vítimas. Em média, a cada três dias uma pessoa foi vítima de bala perdida em agosto.

Em 2021, neste mesmo período, o número foi o mesmo: 11 pessoas foram vítimas de balas perdidas: duas morreram e nove ficaram feridas. Seis das vítimas foram atingidas durante ações e operações policiais.

Maria Isabel Couto, diretora de programas do Instituto Fogo Cruzado, acredita que a insegurança já faz parte da rotina dos moradores do Rio de Janeiro. “Quase de hora em hora vemos informações sobre tiroteios no Rio de Janeiro. As vítimas das balas perdidas são a consequência desastrosa de uma lógica de confrontos que domina a Região Metropolitana do Rio. É preciso investir em prevenção e inteligência para que menos vidas sejam perdidas e menos pessoas sejam marcadas física e psicologicamente pelas balas perdidas”.

Entre as vítimas, uma criança de 11 anos foi ferida por bala perdida no dia 25, quando estava dentro da Escola Municipal Nações Unidas, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. A turma dele estava na quadra da escola, durante uma aula de educação física, quando os tiros começaram. O garoto foi baleado no braço no momento em que o professor tentava tirar as crianças da quadra.

Também em agosto, Marlei Antunes de Jesus Santos, de 17 anos, morreu após ser atingido por tiros, no dia 27, dentro da casa em que morava, em Jardim Paraíso, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O adolescente chegava do batizado do sobrinho em uma igreja próxima ao local e estava no quintal, na parte externa da casa, quando foi atingido. Marlei trabalhava como entregador em uma loja de material de construção perto de onde morava.

O mês em dados

Ao longo do mês de agosto, houve 338 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Número de registros é igual ao mapeado no oitavo mês de 2021, quando 338 tiroteios ocorreram na região metropolitana.

Dos 338 tiroteios mapeados só neste mês que passou, 122 deles (36%) ocorreram durante ações/operações policiais, o que significa que, em média, a cada três tiroteios ocorridos na região metropolitana, um foi durante ação ou operação policial. Em agosto de 2021, foram 93 tiroteios em ações/operações dentre os 338 ocorridos em toda região metropolitana naquele mês.

Ao todo, 196 pessoas foram baleadas no Grande Rio: 81 delas morreram e 115 ficaram feridas. O número de mortos teve queda de 10%, já o de feridos, aumento de 40% em comparação com agosto de 2021 quando, dos 172 baleados, 90 morreram e 82 ficaram feridos.

Houve queda de 3% nos tiroteios e de 16% nos mortos, mas aumento de 21% no número de feridos em comparação com julho, que concentrou 348 tiroteios, 96 mortos e 95 feridos.

Entre as datas mais afetadas pela violência armada em agosto, os dias 5, 18 e 22 concentraram o maior número de tiroteios, com 17 registros cada. O dia 9 concentrou o maior número de mortos, com 10 vítimas. E também no dia 22, houve o maior número de feridos, com 15 casos.

O mapa da violência armada

Entre os municípios que compõem a Região Metropolitana do Rio, os cinco mais afetados pela violência armada em agosto foram:

Rio de Janeiro: 203 tiroteios, 35 mortos e 43 feridos

São Gonçalo: 21 tiroteios, 7 mortos e 10 feridos

Duque de Caxias: 18 tiroteios, 5 mortos e 5 feridos

Nova Iguaçu: 17 tiroteios, 8 mortos e 9 feridos

São João de Meriti: 17 tiroteios e 12 feridos

Entre os bairros do Grande Rio, os mais afetados pela violência armada foram:

Maré (Rio de Janeiro): 10 tiroteios, 1 morto e 1 ferido

Praça Seca (Rio de Janeiro): 8 tiroteios 2 mortos e 2 feridos

Vila Isabel (Rio de Janeiro): 8 tiroteios, 1 morto e 2 feridos

Realengo (Rio de Janeiro): 7 tiroteios, 1 morto e 3 feridos

Vicente de Carvalho (Rio de Janeiro): 7 tiroteios

Seis regiões compõem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A distribuição da violência armada nessas áreas ficou da seguinte forma:

Zona Norte: 131 tiroteios, 21 mortos e 24 feridos

Baixada Fluminense: 86 tiroteios, 24 mortos e 46 feridos

Zona Oeste: 58 tiroteios, 13 mortos e 16 feridos

Leste Metropolitano: 49 tiroteios, 22 mortos e 26 feridos

Centro: 8 tiroteios e 2 feridos

Zona Sul: 6 tiroteios, 1 morto e 1 ferido

Dos 338 tiroteios ocorridos na Região Metropolitana do Rio em agosto, 25 deles foram em áreas de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), deixando quatro pessoas baleadas no total: duas mortas e duas feridas. As unidades mais afetadas pela violência armada foram:

Complexo de Manguinhos: 6 tiroteios e 1 morto

Macacos: 6 tiroteios e 1 ferido

Andaraí: 2 tiroteios e 1 morto

Complexo do Alemão: 2 tiroteios

São João: 2 tiroteios

Chapéu Mangueira/Babilônia: 1 tiroteio e 1 ferido

As UPPs da Borel, Barreira do Vasco/Tuiutí, Complexo da Penha, Formiga, Prazeres e Turano tiveram somente um tiroteio cada, sem vítimas mapeadas.

O perfil da violência armada

Houve 31 casos de roubos ou tentativas de roubo que terminaram em tiros no Grande Rio. Ao todo, 23 pessoas foram baleadas nestes casos: 11 morreram e 12 ficaram feridas. Em agosto de 2021 houve 28 casos de roubos e tentativas que deixaram 29 baleados no total (13 mortos e 16 feridos).

Ao todo, 15 agentes de segurança foram baleados no Grande Rio em agosto: seis morreram (dois em serviço, dois fora de serviço e dois eram aposentados/exonerados) e nove ficaram feridos (seis em serviço, dois fora de serviço e um era aposentado/exonerado). Em agosto de 2021 foram 11 agentes vítimas: sete morreram (um em serviço, cinco fora de serviço e um era aposentado/exonerado) e quatro ficaram feridos (dois em serviço e dois fora de serviço).

Houve três chacinas na Região Metropolitana do Rio em agosto que resultaram em 11 civis mortos a tiros. Todos os casos ocorreram durante ações/operações policiais. Em agosto de 2021, seis chacinas ocorreram no Grande Rio levando 21 civis à morte. Cinco dessas chacinas ocorreram em ações/operações policiais.

Uma criança, seis adolescentes e quatro idosos foram baleados no Grande Rio. Entre as vítimas, quatro adolescentes e dois idosos morreram. Em agosto de 2021, um adolescente foi morto e outro ficou ferido e um idoso ficou ferido.

Acumulado do ano

Em 2022, entre janeiro e agosto, houve 2.515 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio, segundo relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado. Deste número, 813 deles foram em ações/operações policiais. Ao todo, 1.338 pessoas foram baleadas nos primeiros oito meses do ano: destas, 679 morreram e 659 ficaram feridas. Em comparação com o mesmo período de 2021, que concentrou 3.498 tiroteios, sendo 974 em ação/operação policial e 1.492 baleados (sendo 783 mortos e 709 feridos), este ano houve queda de 28% nos tiroteios em geral, de 17% nos tiroteios em ações/operações policiais, de 13% nos mortos e de 7% entre os feridos.

Fonte: Tiro Cruzado/ Foto: Pixabay

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