A operação policial ocorrida ontem (21) no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio terminou com 18 mortos. Hoje (22), mais uma moradora foi morta a tiros, elevando o total de mortos para 19. Essa é a quarta operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro. Três delas aconteceram durante a gestão do governador Claudio Castro. A operação no Alemão também é a segunda com mais vítimas letais em 2022, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado.
Entre 5 de julho de 2016 e 27 de agosto de 2020*, houve 166 chacinas policiais que resultaram em 630 mortos na Região Metropolitana do Rio. Uma média de 13 mortos por mês. Desde que o governador Cláudio Castro assumiu o cargo de governador do Rio de Janeiro, em 28 de agosto de 2020, já houve 79 chacinas policiais, com 350 mortos - o que representa em média 15 mortos por mês. A média mensal de mortes em chacinas policiais aumentou 15% em menos de dois anos, durante o governo de Cláudio Castro, que passou a ocupar o cargo depois do impeachment de Wilson Witzel.
Ao longo da quinta-feira (21), pelo menos 15 linhas de ônibus que circulam pelo Complexo do Alemão alteraram suas rotas e dois centros de saúde não abriram. O comércio da região também fechou as portas e as ruas ficaram desertas. Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado avalia que o resultado dessas operações não pode ser contabilizado apenas levando em consideração o número de mortes, uma vez que os custos são diversos e o impacto, ínfimo.
“Na coletiva de imprensa após a operação, os responsáveis disseram que houve um "rápido planejamento" para a ação que durou mais de 12 horas. Uma moradora e um policial foram mortos, a munição do BOPE acabou e policiais usaram casas de moradores como bases de tiro. Que planejamento é esse? As imagens de moradores descendo corpos pelas vielas não podem ser vistas com naturalidade. Isso é uma aberração que repetimos todos os anos, há décadas. O próprio porta-voz da PM reconheceu hoje pela manhã que as operações são para enxugar gelo. O problema é que isso afeta a vida de todos que moram ali. Famílias como a de Letícia e Bruno de Paula são destruídas, o transporte público é afetado, ruas são bloqueadas, as pessoas deixam de sair para trabalhar ou receber atendimento médico”. Cecília Olliveira ainda completa que “é preciso que ações policiais sejam balizadas em estratégia, inteligência e responsabilidade com a vida dos moradores e que sejam comunicadas ao Ministério Público. Armas e drogas não são produzidas nas favelas cariocas. É preciso impedir que isso chegue a estas regiões para que não sejam necessárias operações em regiões densamente habitadas”. |
Essa foi 19ª baleada na operação policial feita ontem no Complexo do Alemão. Solange foi baleada na cabeça, até o memento, não se sabe quem a baleou |
Recorde de mortes
Das quatro maiores chacinas policiais da história do Rio de Janeiro, três ocorreram durante o governo de Cláudio Castro. São elas:
06/05/2021 - Jacarezinho (27 mortos civis e um policial).
24/05/2022 - Vila Cruzeiro (23 mortos civis).
21/07/2022 e 22/07/2022 - Complexo do Alemão (18 mortos civis e um policial).
Fonte: Fogo Cruzado/ Foto: Divulgação
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