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3 anos sem Marcos Vinícius

Morto ao tentar voltar para casa, o jovem não foi um caso isolado. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, a cada 2 adolescentes baleados, 1 é atingido na presença de agentes
* Dados atualizados até 18 de junho de 2021




No dia 20/06, completou três anos da morte de Marcos Vinícius da Silva, de 14 anos. O jovem, que voltava para casa, quando foi baleado durante ação policial no Complexo da Maré. Após Marcos Vinícius, outros 202 adolescentes* foram baleados na Região Metropolitana do Rio: 100 deles morreram, segundo levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado. A vítima mais recente foi Thiago Santos Conceição, de 16 anos, morto a tiros durante uma operação policial no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio, no dia 18 de junho. Thiago estava dentro de casa e foi baleado na cabeça. A polícia nega que ele tenha sido atingido durante a operação.

Ele não viu que eu estava com roupa de escola, mãe?”. Marcos partiu sendo mais uma vítima da violência policial nas favelas do Rio de Janeiro. Ele ia para escola, mas voltou para casa ao ouvir os primeiros tiros disparados de dentro do helicóptero da polícia. Em suas últimas palavras, o adolescente contou que o tiro que o atingiu veio de um blindado da Polícia Militar que passava pela região. O uniforme escolar que Marcos usava virou símbolo e instrumento de Justiça para Bruna Silva e José Gerson da Silva, pais do adolescente.

“No enterro de Marcos Vinicius, a família do adolescente cobriu o caixão com o uniforme escolar que ele usava quando foi morto durante a operação, ainda sujo de sangue. Essa cena ficou marcada, mas o que aconteceu com ele não foi um caso isolado. Depois dele, 100 adolescentes foram mortos e 102 ficaram feridos por tiroteios no Grande Rio. Nossos dados mostram que metade dos adolescentes é ferido durante ações policiais. Nos perguntamos: por que quem pode mudar algo, não muda? Isso nos faz crer que estas pessoas, desta cor, que moram nestes lugares, não importam” afirma Cecília Oliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado.

Não foi exceção

Nos últimos três anos desde sua morte precoce, dos 202 adolescentes baleados mapeados pelo Instituto Fogo Cruzado, 105 deles foram atingidos em situações onde havia presença de agentes de segurança**. 46 destes jovens morreram.

Outros adolescentes também foram baleados quando iam ou voltavam da escola, como Júlia Oliveira Santos, de 13 anos, que saiu de casa para ir à Escola Municipal Levy Miranda, no dia 2 de maio de 2019. Júlia foi atingida por uma bala perdida durante operação policial no Complexo do Alemão.

A vida brutalmente interrompida de outro adolescente virou exemplo e instrumento para o controle da letalidade policial no Rio de Janeiro. João Pedro Mattos Pinto, da mesma idade de Marcos Vinícius, foi morto a tiros enquanto brincava com os primos dentro de casa, durante uma operação das polícias Civil e Federal no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no dia 24 de maio de 2020. O caso trouxe à tona a questão das operações policiais durante a pandemia da COVID-19 e, em 5 de junho de 2020, as operações policiais que não fossem urgentes foram suspendidas a partir de uma decisão histórica do Supremo Tribunal Federal, a ADPF 635.

Segundo o Instituto Fogo Cruzado, em 2021, mesmo com as operações policiais não urgentes suspensas no estado, 20 adolescentes foram baleados (sete mortos). Treze desses adolescentes foram atingidos em ações com a presença de agentes.

* Dados atualizados até 18 de junho de 2021


Fogo Cruzado/ Foto: Reprodução


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