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Maricá aplicará técnica pioneira para tratamento de esgoto e despoluição das lagoas

A utilização de biotecnologia para o tratamento de esgoto, com uso de micro-organismos que fazem a degradação dos resíduos, será implementada em Maricá a partir de janeiro de 2021, graças ao projeto Aequor, parceria entre a prefeitura, por meio da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Um relatório técnico, elaborado pela equipe do Aequor, será entregue à Prefeitura hoje (15) e trará uma avaliação da situação da bacia do Rio Mumbuca.

Atualmente, apenas a cidade de Salvador (BA) utiliza este método no tratamento de efluentes, mas como um complemento emergencial ao sistema tradicional, com aplicação de produtos químicos em estações de tratamento quando estão sobrecarregadas. A forma como Maricá vai aplicar a tecnologia em larga escala faz da cidade uma pioneira e demonstra a preocupação do município em enfrentar a questão da despoluição do sistema lagunar como uma prioridade. "O que estamos trazendo de contribuição são tecnologias que vão ajudar de todas as formas na melhoria da qualidade de vida da população. É um trabalho de inovação", afirma o presidente da Codemar, José Orlando Dias.

O relatório trará orientações para iniciar a aplicação dos micro-organismos no ecossistema: uma vez liberados, esses micro-organismos (chamados probióticos) se alimentam da matéria orgânica presente no corpo hídrico, reduzindo a carga de poluentes e melhorando a qualidade da água.

A liberação pode ser feita tanto por aspersão simples, quanto nas chamadas "mud balls" ou bolas de lama com alta concentração dos microorganismos - neste caso, o sistema é indicado para cursos d´água, pela forma lenta como as bolas de lama vão liberando o conteúdo e fazendo um processo natural de dragagem bem mais rápido e barato que o convencional.

O Projeto Aequor será responsável, ao longo de três anos, pelo manejo seguro e pela produção dos micro-organismos que serão liberados nos corpos hídricos do município. Uma unidade de produção desses micro-organismos – que se alimentam da matéria orgânica depositada em rios, canais e lagoas da cidade - está sendo construída em São José de Imbassaí, vizinha ao Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara, e o projeto terá ainda um espaço para pesquisas no Parque Eldorado, com laboratórios e salas para formação de técnicos.

O investimento da Prefeitura no programa totaliza cerca de R$ 68 milhões, e prevê, além do emprego de biotecnologia no tratamento de efluentes, a revitalização das lagoas da cidade (projeto Lagoas Vivas); o monitoramento da balneabilidade das praias que ficam no entorno das lagoas; a verificação da qualidade da água dos poços artesianos (projeto Água Pura), para garantir seu uso seguro pela população – Maricá é o município com maior número de poços artesianos per capita do país, cerca de 7 mil; e a formação de técnicos na área de meio ambiente em Maricá, pelo Programa de Aperfeiçoamento Técnico-Científico (Patec).


Foto: Vinícius Manhães

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