Programa ‘Voa Maricá’ inicia voos com destino a São Paulo

Mulheres de Maricá fazem protesto por Marri Ferrer


Por justiça a Mariana Ferrer e pelo fim da cultura do estupro, mulheres maricaenses tomaram a Praça Conselheiro Macedo Soares, a famosa Praça do Turismo, no Centro da cidade, durante a manhã, do dia 07/11. O caso da influenciadora digital chocou o País ao longo da semana. Vítima, ela viu seu agressor ser absolvido, em setembro, e eximido de culpa. Mas, um vídeo divulgado no dia 03/11, deixou grande parte da população perplexa. Mari implorou para que não houvesse impunidade.
Participaram do evento integrantes dos seguintes grupos: União Brasileira de Mulheres (UBM), Movimento Negro Unificado (MNU), União de Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro), Movimento Democrático Afrodescendente pela Igualdade Racial (Movidade), Fórum Municipal de Mulheres Negras de Maricá (Femnegras), União da Juventude Socialista (UJS) e Movimento Negro PDT.

“O ato representa uma resposta nas ruas. Não existe estupro culposo. Não existe estupro sem dolo. É triste imaginarmos que o estupro se tornou algo natural na sociedade. A palavra da vítima e sua lucidez é questionada o tempo todo. Não podemos nos silenciar. Precisamos dar uma resposta nas ruas. A sentença judicial do caso da Mariana fere todas nós mulheres! Queremos justiça por Mariana e todas as mulheres! O feminismo nunca matou ninguém, mas o machismo mata e viola nossos direitos todos os dias”, disse Renata Redoglia, de 23 anos, vice-presidente da UJS Maricá.

“Fazemos parte de uma luta histórica. Se tem algo do qual as mulheres, em especial, as negras, sofreram ao longo de sua existência, foi com o estupro. Sou membro do Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres do Estado do Rio de Janeiro. Não iremos comungar com as mentes insanas que fazem defesa para a cultura do estupro num país com uma conjuntura na qual uma mulher é vítima de feminicídio a cada nove horas durante a pandemia, onde crianças são vitimas de estupro. Já passou do tempo de pautarmos essa temática”, reforçou Mônica Gurjão, de 50 anos, da Unegro.

Estudante de ciência política, Rafaela Lima, 40, afirma que o julgamento de Mari foi, na prática, um segundo ato de violência contra a jovem e alerta: “Isso abre precedente para que outras pessoas usem essa desculpa de que fizeram sem querer fazer, sem intenção. Para que isso seja mudado, falta a desconstrução da cultura do estupro, que é alimentado há anos por uma sociedade que tolera esse tipo de fato. A Mariana estava pedindo socorro pela segunda vez e, pela segunda vez, ela não foi ouvida. Realmente, estou muito preocupada com o caminho que estamos tomando. Precisamos ter um choque de mudança em toda a sociedade”, acrescenta.

Problema enraizado na história

Aos 45 anos, Lene de Oliveira trabalha para que haja uma revolução social. Ela comanda a secretaria estadual de direitos humanos do PT e tenta mostrar possibilidades de direção a ser tomada.

“Nós viemos de uma história patriarcalista e escravocrata, que legitimava o estupro das mulheres. Isso se arrasta ao longo dos anos. Se a gente não tiver a voz das mulheres nos espaços de decisão, nos espaços legislativos e executivos, a gente não consegue ter políticas públicas adequadas para poder trazer esse direito das mulheres. Também precisamos de políticas públicas para trabalhar a ressignificação dessa masculinidade opressora”, sugere Lene.

“É lamentável que a sociedade brasileira, no século XXI ainda olhe a mulher como objeto de uso e os homens se comportem como donos dos corpos das mulheres, como se estivessem no século XVIII, no século XV. Eu posso colocar uma minissaia e, nem por isso, estou dando liberdade a um homem de me molestar. Eu visto a roupa que quero vestir, que tenho direito de vestir, e isso não dá o direito ao homem de me desrespeitar. Ninguém nasce machista, então as mulheres têm também a responsabilidade na criação dos seus filhos”, aponta Aduni Benton, 56, diretora nacional do Movidade.

Protestar sem deixar de se cuidar

A recomendação para o uso de máscaras e álcool em gel foi divulgada já na chamada para o evento pelas redes sociais. A medida visa a segurança de todos diante do cenário de pandemia de Covid-19, doença ocasionada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).

Batizado de “Justiça Para Mariana e Todas as Mulheres”, o ato deste fim de semana também teve versões em Volta Redonda, Nova Iguaçu, Cabo Frio, Petrópolis, Resende, Rio de Janeiro, Saquarema, Sapucaia, Campos dos Goytacazes, São Gonçalo e Duque Caxias.


Fotos: Divulgação

Comentários