Começa o pagamento da 2ª parcela do Pé-de-Meia

As labaredas

O exercício da profissão de advogado está ficando cada vez mais complicado e difícil em decorrência das constantes inovações e da modernização afobada e desorganizada.Os profissionais estão assando num imenso inferno para conseguir sobreviver a “cartorão”, processo eletrônico, informática falha e morosidade. É um fogaréu e, sem medo de errar ou ser injusto, pode-se afirmar que a advocacia está em chama, o que não é bom para o direito, a justiça, a cidadania e o império da lei.

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 A experiência com o cartório unificado, conhecido como Cartorão, está na hora de terminar, por ser inviável. Apesar da boa vontade dos ilustres presidente e corregedor do TJ, desembargadores Manoel Alberto Rebêlo dos Santos e Antonio José de Azevedo Pinto, o dia a dia do cartorão assinala para a detonação. Há demora no atendimento, nos despachos e na localização dos autos. O otimismo dos desembargadores contrasta com o pessimismo dos advogados, juízes e servidores. Se for feita uma aposta, o resultado será 10 a zero para o pessimismo. Portanto, chegou o momento de pôr fim nesse laboratório sorvedouro da paciência e da transformação dos advogados em cobaias. O que é ainda pior. Reconhecer que o projeto na teoria eliminaria a morosidade, mas que na prática se tornou causador do emperramento da máquina, seria um passo redentor e aplaudido para permitir a explosão.
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A  Justiça reclama do volume de processos e tem razão. Mas o problema é que, se o Judiciário não acompanhou a conscientização da sociedade, a partir da Constituição-Cidadã de 1988, também o Executivo e o Legislativo se omitiram. Parecem os três macaquinhos quando se fala em transformar a Justiça num leopardo. A sociedade hoje está cônscia de seus direitos, deveres e prerrogativas. Não perde uma oportunidade de buscar seus direitos na Justiça. É uma posição irreversível que não tem caminho de volta.
Se esse comportamento causa saturamento da máquina judiciária, o jeito é ampliar seu raio de ação para transformar a justiça brasileira nos moldes das existentes no primeiro mundo. Lá elas julgam de maneira rápida tanto ações contra o próprio governo como contra um cidadão de qualquer nível social. É necessário, portanto, que os outros poderes entrem em sintonia com o clamor da sociedade e prestigiem o Judiciário na sua busca pela celeridade. Abram os olhos, ouvidos e ajam.

Antonio José Barbosa da Silva é presidente da OAB de Niterói
Publicado no jornal da OAB de Niterói de setembro

### Nota da Editora###: Eu que o diga ! Tenho um processo, na 7ª vara de Niterói, em que a juíza tem que julgar 600 mil processos.
O meu, já vai para um arquivamento provisório. É mole? 
Os políticos eleitos gastam por ano, milhões. Por que, não investir alguns desses milhões em nossa Justiça, para que ela seja mais justa e eficaz?

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