Mãe de Verônica Verone que confessou matar o namorado diz que viu vítima bêbada

Elizabeth Verone de Paiva, mãe da jovem Verônica, que confessou ter matado o namorado em maio passado, num motel em Niterói, Região Metropolitana do Rio, disse que na noite da morte do empresário, ele foi com Verônica à casa delas e ele estava muito bêbado. Verônica teria dito que ia levá-lo para a casa da mãe dele. Às 6h, Elizabeth afirmou que recebeu uma ligação de Verônica dizendo: "Acho que matei o Fábio".
A mãe de Verônica Verone prestou depoimento na tarde desta sexta-feira (19) ao juiz Peterson Barroso Simões, do 3º Tribunal do Júri de Niterói, como testemunha de defesa no processo em que a filha responde por homicídio e ocultação de cadáver.
Verônica Verone de Paiva , de 18 anos, é suspeita de matar por enforcamento o empresário Fábio Gabriel Rodrigues, de 33 anos. Verônica é acusada ainda de tentar esconder o corpo da vítima. Ela teria arrastado o cadáver, que pesava 90 kg, do quarto do motel até a garagem do motel.
Segundo Elizabeth, na noite do crime, Verônica tinha ligado mais cedo para ela contando que estava num bar e Fábio estava bebendo muito e que ela não tinha como sair e deixá-lo lá. Mais tarde, ela ligou de novo nervosa dizendo que tinha saído com Fábio de carro e ele tinha entrado com o carro num matagal próximo à casa dela. A mãe, então, contou que foi até o carro e convenceu Fábio a ir com Verônica para a casa delas. Fábio estaria muito bêbado, segundo Elizabeth, e teria dito que naquela noite voltaria a "cheirar muito".
Verônica disse à mãe que ia levar Fábio para a casa onde ele morava com a mãe. Quando Verônica ligou dizendo que achava que tinha matado Fábio, a mãe e sua outra filha tentaram acalmá-la para que ela dissesse onde estava. Verônica contou por telefone à irmã que tinha arrastado Fábio para tentar socorrê-lo. A mãe e a irmã da jovem, então, combinaram de encontrar com a jovem perto do motel e foram para a uma delegacia em Itacoatiara.

'Meu bebê'
A mãe de Verônica disse que se dava muito bem com Fábio. Ela disse que a filha e Fábio sempre foram muito amigos, que ele tinha muito carinho por ela e a chamava de "meu bebê". Segundo Elizabeth, ele frequentava a casa dela e a chamava de tia.

Problemas mentais
Elizabeth contou ao juiz que o pai da jovem, já falecido sempre teve problemas mentais, passou por diversos períodos de internação por causa da esquizofrenia, era usuário de drogas e foi contaminado com o vírus HIV.
A defesa de Verônica sustenta que a jovem tem problemas mentais herdados do pai e pode ter cometido o crime durante uma crise mental. Seus advogados dizem ainda que ela sofreu abusos sexuais na infância. A irmã dela, que também prestou depoimento na tarde desta sexta-feira (19), disse ao juiz que foi abusada pelo pai e que achava que Verônica também tinha sido.
A mãe de Verônica disse que soube que o marido tinha HIV quando estava grávida da jovem. Ela não foi contaminada, nem a filha, segundo disse. Quando ela nasceu sem o vírus, seu falecido marido tornou-se mais agressivo pois achava que ela não era filha dele, uma vez que não acreditava ser possível ela nascer sem o vírus.
Elizabeth ressaltou que o falecido marido teve de ser interditado na Justiça e foi o próprio juiz Peterson Barroso que o interditou por causa de sua condição de doença mental. Ela também falou que na família dela também há casos de doença mental.
O tio de Verônica, Roberto, irmão da mãe dela, confirmou ao juiz que a jovem sempre teve problemas emocionais, com crises de choro e de ansiedade e que a família dela era muito desestruturada, a ponto de ele pensar em levar a criança a morar com ele.
Patrícia Verone de Paiva falou que a irmã não queria matar o rapaz. Patrícia disse que a jovem contou que, quando estava no motel com Fábio, ele estava muito bêbado e tentou puxar o short que ela vestia. Ela então teria desencadeado em sua mente uma crise nervosa que a levou ao passado quando sofreu violência sexual na infância, segundo Patrícia, por isso, disse ela ao juiz, a irmã tentou enforcar Fábio com o cinto, mas quando viu sangue em seu rosto caiu em si parou e tentou socorrê-lo.
A irmã de Verônica confirmou ao juiz o que a mãe já tinha dito, que Verônica tinha problemas emocionais derivados possivelmente dos conflitos familiares envolvendo o pai delas.
Um médico e uma psicóloga também prestaram depoimento e disseram que o pai de Verônica tinha problemas mentais.

Pressão
No dia 29 de julho passado, o juiz Peterson Barroso Simões, da 3ª Vara Criminal de Niterói, ouviu o depoimento de 14 testemunhas de acusação. Um dos principais depoimentos foi de um amigo de Fábio, que esteve com ele até poucas horas antes de sua morte, e que confirmou que Verônica exercia muita pressão para continuar o relacionamento que ele queria terminar. Segundo a testemunha, ela telefonava insistentemente e aparecia de surpresa nos locais onde ele estava.

G1

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