Cidades do Leste Fluminense tentam melhorar distribuição de renda - Maricá está em 7º lugar

A pesquisa divulgada está semana pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela, através de um ranking, qual é a média de renda da população de cada cidade. Niterói e Maricá estão em 1º e 7º lugares, respectivamente, já São Gonçalo e Itaboraí, aparecem mais abaixo em 45º e 76º lugares. Prefeitos das quatro cidades falaram o que estão fazendo para tentar distribuir melhor a renda e, no caso das duas últimas cidades, melhorar a colocação. O funcionamento do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) é visto por eles como um divisor de águas para a melhoria na economia das cidades do Leste Fluminense.
Segundo a FGV, 42,90% da população de Niterói encontram-se nas classes AB, em contrapartida 56,67% dos niteroienses fazem parte das classes CDE. A cidade tem uma renda per capita de R$ 2.064,30.
Na opinião do prefeito Jorge Roberto Silveira, os niteroienses têm bons motivos para orgulharem-se dos números divulgados pela pesquisa da FGV.
“O resultado que Niterói conseguiu deve-se ao alto nível de qualificação dos moradores da cidade. Tenho certeza de que se o Brasil inteiro fosse uma grande Niterói, nós seríamos hoje um País de primeiro mundo”, afirma Jorge Roberto.
Ao comentar sobre como a Prefeitura está atuando para tentar diminuir a diferença de renda da população, o prefeito disse que existe um projeto, em estudo, que pretende qualificar a população das classes C, D e E e desta maneira tornando possível a inserção destas pessoas dentro do Comperj e nas empresas que se instalarão ao seu redor.
“Posso afirmar com toda a certeza que 90% do nosso trabalho é voltado para a população mais pobre e que estamos lutando para elevar a renda dessas pessoas”, completa o prefeito.

Repaginada – Maricá aparece bem colocado na pesquisa da FGV, com uma renda média de R$ 952,79. De acordo com o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, a classificação da cidade deve melhorar nas próximas pesquisas. Segundo ele, a Prefeitura está buscando investimentos para a cidade através da implantação de grandes empresas.
“Uma das ações que estamos adotando para tentar melhorar a renda da população que vive na cidade é de negociar com as novas empresas que estão chegando para que 90% dos funcionários sejam do município”, afirma.
Ainda segundo Quaquá, o investimento na qualificação profissional dos habitantes da região é uma das principais metas da Prefeitura.
“Precisamos dar condições à população para que ela esteja preparada para a chegada das empresas e do Comperj”.
Em 45º lugar dentro do Estado, sendo 59,19% da população pertencente à classe C, São Gonçalo tem renda per capita de
R$ 665,90. Mas mesmo com esses números a prefeita Aparecida Panisset está satisfeita.
“A pesquisa da FGV é muito positiva, já que aponta quais cidades precisam ganhar mais investimentos para atingir uma paridade econômica no Estado. São Gonçalo vem crescendo ao longo dos anos com um aumento de cerca de 30% da renda do gonçalense. Acredito que, com os esforços em conjunto dos governos federal, estadual e municipal, a cidade irá dar um boom de crescimento em pouco tempo”, afirma Panisset.
O município de Itaboraí, que está se preparando para receber o Comperj, encontra-se na 76ª posição com uma renda per capita de R$ 565,52. Esta colocação, segundo o prefeito de Itaboraí, Sérgio Soares, se deve ao baixo preço dos imóveis na cidade, que há tempos ocorre uma migração e um crescimento desordenado. Além disso, Soares afirma que a Prefeitura não tinha como manter os custos de saneamento e escola.
“Itaboraí era uma luz no fim do túnel se apagando. Agora, com a Petrobras, vemos uma luz surgindo”, diz o prefeito.



População aposta na educação e infraestrutura

O FLUMINENSE perguntou para alguns moradores de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá o que, na opinião deles, deveria ser feito, em ações políticas e sociais, para melhorar a distribuição de renda de suas cidades.

A professora universitária Izamara Bastos, de 33 anos, que mora no Fonseca, em Niterói, acredita que a cidade precisa, em primeiro lugar, dar uma atenção maior à população mais carente.

“Outros pontos que considero importante é a saúde, educação, segurança e cultura. São prerrogativas importantes que precisam ser reestruturadas para termos uma cidade com uma distribuição de renda mais igualitária”, comenta.

Já na opinião da estudante de Pedagogia Nathalia Feiten, de 23, moradora do bairro do Mutondo, em São Gonçalo, uma das áreas que deveriam receber mais incentivo é a educação.

“Para um jovem conseguir um bom emprego e ter uma boa renda ele precisa ter uma boa base educacional. Ainda mais agora que estão chegando várias empresas na região. Está na hora do governo investir mais na educação, desde o ensino fundamental passando pela formação técnica até a graduação”, opina.

Morador do bairro de Itaipuaçu, em Maricá, o microempresário Márcio Rocha, de 35, acredita que o incentivo para a instalação de novas empresas em vários bairros da região poderia ajudar a melhorar a renda dos maricaenses.

“Sei que algumas empresas já estão chegando. Mas o governo deveria investir não apenas no Centro da cidade. Se a movimentação acontecesse em todos os bairros iria ajudar muito quem mora por aqui”.
Na opinião do auxiliar de enfermagem Carlos Alberto Pereira, de 28, que mora no Centro de Itaboraí, todos os bairros da cidade deveriam ganhar uma melhor infraestrutura.

“Para igualar a renda é preciso melhorar a qualidade de vida de todos os moradores da cidade. Além disso, outros bairros também merecem atenção e investimento”, afirma Alberto Pereira.

Análise – Para o cientista político da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eoríco de Lima, a origem da atual posição econômica de Niterói vem desde o fim do Estado da Guanabara e a partir da criação da Ponte Rio-Niterói.

“A criação da Ponte possibilitou que muitos niteroienses pudessem trabalhar no Rio e, assim, aumentassem sua rendas. E isso acontece até hoje”, afirma Lima.

Ainda de acordo com o cientista, Itaboraí, São Gonçalo e Maricá podem melhorar suas colocações.
“A reativação dos estaleiros, a chegada do Comperj e acima de tudo o crescimento da classe média, mostra que essas regiões podem crescer. Mas para que isso aconteça será preciso muito investimento, inclusive no transporte de massa urbano”, destaca.

O Fluminense

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