Desafios do saneamento para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro 5

Os desafios do saneamento na Região Metropolitana do Rio de Janeiro foram apresentados nesta quinta-feira através de uma pesquisa com foco no legado que pode ser deixado após a Copa do Mundo de 2014. Os números do estudo revelam que seria necessário R$ 1,1 bilhão para a universalização da coleta de efluentes das cidades, mas o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) alerta que, se forem levados em consideração os recursos para o tratamento de esgoto, essa conta chega a R$ 8 bilhões. Niterói aparece com um dos melhores resultados, estando entre as três cidades com menor déficit de esgoto tratado, com o índice de 14,4%.
Apesar de os números da pesquisa – feita pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGVA) – revelarem um crescimento de 53% na coleta de esgoto na última década, atingindo um total de 81% das residências da região, foi constatado que o maior déficit está no tratamento do efluente, já que apenas um terço é tratado antes de ser despejado na natureza, principalmente na Baía de Guanabara.
Para a presidente do Inea, Marilene Ramos, para atingir a meta do Pacto pelo Saneamento – programa lançado pelo governo estadual em 2008, que prevê atingir 80% da coleta e tratamento de efluentes até 2018 – são necessários muito mais recursos do que o estudo aponta.
“Não faz sentido tirar o esgoto da porta das residências e lançá-lo na natureza sem nenhum tratamento. Para obter 60% do objetivo do programa, até 2014, vamos investir recursos na ordem de R$ 4,5 bilhões, mas, para os 80%, calculo R$ 8 bilhões. Se fosse apenas R$ 1,1 bilhão seria fácil, nem precisaríamos de recursos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam). A falta de investimento por décadas produziu efeitos e hoje estamos pagando por isso”, ponderou Marilene.
O professor e pesquisador da FGV, Fernando Garcia, um dos responsáveis pela pesquisa, explica que a coleta de efluentes está diretamente ligada à saúde, reduzindo a mortalidade infantil. O estudo prevê que com a universalização 400 vidas seriam poupadas ao ano na Região Metropolitana.
“Concluímos nesta pesquisa que o maior déficit está no tratamento de esgoto tratado, o que gera um impacto severo na natureza, mas não podemos deixar de considerar o avanço da coleta. Na maioria das vezes, a rede não é ideal, mas afastar o esgoto das residências melhorou a qualidade de vida da população”, declarou o pesquisador.
O presidente da Cedae, Wagner Victer, anunciou que a nova ETE de São Gonçalo tem previsão para entrar em funcionamento em oito meses.
“Nosso desafio é priorizar o tratamento de efluente”, ressaltou Victer.
A presidente do Inea falou também sobre o contraste em dados dos municípios do Leste Fluminense presentes no estudo. Maricá apresenta um dos maiores déficits de coleta de esgoto, enquanto Niterói tem o segundo menor déficit de tratamento.
“Niterói tem hoje uma situação sanitária muito avançada. Em Maricá, as coisas estão começando a acontecer, com investimentos em água e esgoto que estão em andamento em Inoã, Itaipuaçu e no distrito sede. Destaco ainda os projetos de saneamento de Cachoeiras de Macacu, Itaboraí, e São Gonçalo, com a recuperação das bacias do Alcântara do Mutondo e da região do Jardim Catarina”, finalizou Marilene Ramos.

O Fluminense

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