Faltam médicos e material para curativos em hospital de Maricá

Pacientes não conseguem atendimento no Hospital Municipal Conde Modesto Leal e em posto do Jardim Mumbuca. Local estaria sem médico há quase um ano, disse funcionária


O Hospital Municipal Conde Modesto Leal, no Centro de Maricá, está sem médicos e materiais para realizar desde cirurgias até simples curativos, segundo pacientes que recorreram, na manhã de ontem, à unidade de saúde. O problema também estaria acontecendo nos postos de saúde. De acordo com uma enfermeira de um dos postos, em Jardim Mumbuca, no próximo dia 27 completa um ano que o último médico deixou a unidade. Para garantir atendimento, pacientes levam gaze e medicamentos de casa.

“Eu sempre tenho problemas para conseguir atendimento nesse hospital. No sábado à noite estive aqui na emergência com minha filha, de seis anos, e fui informada de que não tinha médico. Tive que pagar uma consulta particular sem ter como e agora estou esperando para ver se consigo fazer exames aqui, mas o atendimento está demorando. E esse vai e volta começou no dia 5 de março, quando minha filha foi atropelada e sofreu fratura exposta. O hospital não tinha ortopedista e tive que ir para o Azevedo Lima, em Niterói”, conta a dona de casa Jussara Siqueira, de 37 anos.
Um dos assessores do prefeito Washington Quaquá chegou a discutir com uma das pacientes que aguardava na fila tentando impedi-la de falar com a equipe de O FLUMINENSE. O político garantiu que não faltam médicos no hospital, mas Walter da Rosa, de 43 anos, precisou levar o pai para casa sem realizar a cirurgia necessária e diz que falta até material para curativos.
“Meu pai é diabético e está com algumas feridas na perna. Venho sempre com ele para fazer os curativos e há meses tenho que trazer todo o material que será utilizado no tratamento. Hoje, o médico que o atendeu disse que ele poderia operá-lo, mas que não tem nenhum médico anestesista no hospital para que o procedimento possa ser feito”.

        Unidade do Jardim Mumbuca não conta com profissional trabalhando há quase um ano

Morando há um mês na cidade, o casal Ana Santos de Melo, de 32 anos, e Pedro Melo, 60, já começaram a enfrentar os problemas da rede municipal de saúde. Acidentado com sua motocicleta em Tribobó, São Gonçalo, Pedro foi até a Unidade de Saúde Básica de Jardim Mumbuca para fazer um curativo, mas diz que acabou tendo que comprar medicamentos e insumos para que o atendimento pudesse ser realizado.
“Vim cedo fazer um curativo e não tinha material. Precisei ir até a farmácia comprar ataduras, gaze, remédio para o machucado, essas coisas. Gastei R$ 15. Porém, era para ter tudo isso disponível aqui”, comenta. Ana também se lembra da primeira vez que recorreram ao posto de saúde do bairro, logo quando chegaram à cidade. “Trouxe meu filho para ser vacinado, mas não tinha vacina no posto. Não tem vacina, não tem medicamento nem curativo”, indigna-se.
Enfermeira à frente da unidade de saúde, Onizette Guilherme, admite que existem problemas com o posto, o que pode estar gerando descontentamento da população. “Às vezes ficamos sem material porque acaba e temos que solicitar mais e ele não é entregue imediatamente. A maior reclamação que observo é a falta de um médico. No dia 27, completa um ano que o posto está sem médico, mas já fui informada de que um profissional será destinado para suprir essa carência”, explica.
A secretária de Saúde, Thereza Varella, declarou que o município está enfrentando dificuldades em contratar médicos que queiram trabalhar em suas unidades, mas não explicou a razão desses empecilhos. No entanto, segundo a Secretaria, especificamente para o posto de saúde de Mumbuca já foi realizada entrevista com um médico que teria se comprometido em assumir a unidade na próxima semana.
Ainda segundo a secretária, a falta de insumos nas unidades básicas ocorreu devido ao atraso dos fornecedores e a situação já estaria regularizada. Em relação ao Hospital Municipal Conde Modesto Leal, informou que alguns itens estariam esgotados e as medidas para sanar o problema já teriam sido tomadas.
Sobre a falta de anestesista no hospital, a Secretaria de Saúde informou que os médicos trabalham em plantão de 24 horas todos os dias e os ortopedistas no ambulatório de segunda a sexta das 8h às 17 h. Para emergências, nos demais dias, os profissionais ficariam de sobreaviso.



O Fluminense

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