Assassinato do subsecretário de Maricá, pode ser vingança política

Policiais da 82ª DP (Maricá) que investigam o assassinato do subsecretário municipal de Produção de Eventos de Maricá, Alari Soares Pereira, de 49 anos, trabalham com a hipótese de crime político. Na segunda-feira, um funcionário do setor chefiado por Alari no Hospital Municipal Conde Modesto Leal, no Centro, teria sido ameaçado de morte por telefone. De acordo com o delegado titular, Sérgio Simões Caldas, os bandidos teriam dito que ele seria a próxima vítima.

Antes de ser nomeado para a Secretaria de Cultura, Alari foi subsecretário de Recursos Humanos do hospital onde, entre outras ações, investigou supostas fraudes em contratos e outras irregularidades na unidade. O corpo de Alari foi enterrado nesta terça-feira no Cemitério Municipal de Maricá.
Segundo o delegado, a ameaça ao funcionário teria sido feita de um orelhão na Rua São João, no Centro de Niterói. Policiais estão apurando se as câmeras de segurança de uma farmácia em frente ao telefone público teriam flagrado a pessoa que efetuou a ligação. Ségio Caldas disse que funcionários do hospital serão ouvidos e frisou que pelo menos um dos supostos bandidos poderia ser conhecido de Alari.
“Fizemos contato com o homem que sofreu a ameaça segunda-feira e ele confirmou. Esse fato colocou como principal suspeita um assassinato motivado por problemas dentro do hospital. Estamos fazendo diligências para pegar mais informações e o material coletado nesta ontem (terça-feira) já foi para o Instituto Felix Pacheco”, declarou.
O delegado informou, ainda, que não descartou também a hipótese de crime passional. Homossexual assumido, Alari tinha namorado, mas teria um caso com outro rapaz, de acordo com pessoas ouvidas. Sérgio Caldas informou que convocará o parceiro da vítima para prestar depoimento. Ele acredita ainda que o assassinato possa ter sido cometido por pessoas diferentes daquelas que foram à casa de Alari na noite de domingo. O Fiat Stilo LOW – 9833 da vítima, onde Alari teria sido visto em companhia dos supostos assassinos, ainda não foi encontrado.
“Ele pode ter dado carona aos homens e, na volta para casa, ter sido abordado por bandidos que o mataram. Nesse caso seria um latrocínio”, explicou.

Pai-de-santo seria nomeado assessor especial de Quaquá

Cerca de 70 pessoas acompanharam na manhã desta terça-feira o enterro de Alari. Carregado pelos freqüentadores do centro de candomblé do qual Alari era pai de santo, o caixão chegou às 10h30min na Casa de Cultura do município, onde o corpo foi velado. Pouco antes das 11 horas, um cortejo saiu em direção ao cemitério. Em estado de choque, a mãe de Alari, Néia Soares, não compareceu ao sepultamento.
Muito emocionado, o prefeito Washington Quaquá disse que Alari havia sido escolhido para um cargo de confiança como assessor especial do seu gabinete, trabalho que começaria segunda-feira, um dia depois do assassinato. Quaquá afirmou ainda que, durante o tempo em que trabalhou no Hospital do município, Alari desagradou muitos funcionários com a análise de contratos e de outras irregularidades.
“Conhecia Alari há cinco anos e ele era uma pessoa maravilhosa. Não fazia mal a ninguém. Estou em contato direto com a delegacia e o importante agora é descobrir o animal que cometeu esse crime, para colocá-lo na cadeia”, disse.
Também presente ao enterro, o secretário de políticas LGBT do PT estadual, Carlos Alves, acredita que o crime tenha motivações homofóbicas e vai pedir à 82ª DP que considere essa possibilidade.
“Alari era um ativista nosso. Queremos justiça”, frisou.
Seguidores do Candomblé fizeram um ritual antes de o corpo ser enterrado. Segundo os filhos de santo de Alari, um novo pai de santo ainda será escolhido.


                                                                                                                      O Fluminense

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