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Debate sobre a questão racial enfatiza luta contra a discriminação

Os eixos presente, futuro e memória pautaram o encontro de ativistas contra a discriminação e o preconceito no evento que encerrou, na Casa Digital, região central de Maricá, no começo da noite de 19 de novembro, a programação oficial relativa ao Dia da Consciência Negra. Todos os participantes do painel “Estado de direito e o lugar das ações afirmativas”, sucessivamente, enalteceram a figura do subsecretário de Diversidade Racial, o líder negro Togo Ioruba, que saudou os presentes reverenciando “a luta de 40 anos do movimento de homens negros e mulheres negras”, e ao mesmo tempo enfatizaram a importância das ações afirmativas para a superação das desigualdades.


“Uma das marcas do governo Quaquá é levantar a poeira em favor dos excluídos, organizar e acreditar no futuro da sociedade, com a consciência de que uma sociedade justa só será possível quando os muros de qualquer preconceito ruírem”, disse na abertura do encontro o secretário municipal de Assistência Social, Marcos de Dios. Falaram também o secretário de Segurança com Cidadania de Maricá, Jorge Braga; o subsecretário de Educação de Nova Iguaçu, Geraldo Bastos; a diretora educacional do Gestar, professora Ana Leite; o coordenador especial da Igualdade Racial do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Medeiros; o subsecretário municipal de Desenvolvimento da Educação Básica de Maricá, Luís Cláudio da Silva; o representante da Fundação Cultural, Paulo César Gonçalves, e o vereador Hélter Ferreira.

Em defesa de uma política de ações afirmativas, entre as quais se incluem a adoção de cotas para ingresso nas universidades públicas, Geraldo Bastos mencionou a Lei dos dois terços, que no regime se seguiu à Revolução de 30 reservava dois terços do mercado de trabalho para brasileiros ante a competição com os imigrantes. “Isso era política de cotas”, explicou, antes de mostrar exemplos de discriminação, como a recusa do Estado brasileiro de conceder indenização a João Cândido, “o almirante negro” da Revolta da Chibata no início do século passado, e a Geraldão, do movimento do Araguaia, ao contrário dos líderes brancos, já beneficiados.

Já Carlos Alberto Medeiros destacou “o momento extraordinário” que vive o estado do Rio, na dianteira da discussão sobre as questões raciais, porque “o Brasil não se resolve como nação, enquanto não avançar nesse debate”, sentenciou. Em seguida, comparou a situação enfrentada pelos negros no país a uma corrida que se repete e na qual um dos competidores, o negro, corre sempre amarrado, enquanto o outro corre livre. Ao fim de algum tempo, o que corre amarrado terá seus músculos atrofiados e, mesmo solto, jamais conseguirá alcançar o outro, que dispara na frente. Para Medeiros, o chamado mito da democracia racial sustenta que existe uma vida harmoniosa entre brancos e pretos e que para a implantação do regime de cotas, a dificuldade é estabelecer quem é negro. “Mas essa dificuldade só ocorre quando se trata de beneficiar, quando se trata de discriminar, ninguém tem dúvida.”
 
Comunicação Prefeitura de Maricá

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